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domingo, 9 de março de 2014

Segundo Tratado Sobre o Governo Civil - Locke

Surpreendentemente fácil de ler. É impressionante a rapidez e a limpeza do texto. É até bem curto, mas diz muita coisa. O contratualismo em Locke fica aberto, sem as posteriores apelações a estados imaginários. O máximo a que Locke chega é o consentimento indireto.

A parte relativa às funções do estado de proteger a segurança e a propriedade da população se aplica ao que existe hoje no Brasil. Se as pessoas recorressem a Locke, talvez pudessem entender de forma mais adequada os recentes acontecimentos de revolta da população contra a impunidade. Só se vê gente interessada em punir os sintomas, como se eles mesmos fossem a barbárie, e não uma reação contra uma barbárie já instalada há tempos.

Conforme Locke disse, a população apenas passa a se revoltar após muitos sinais de que o governo de fato é injusto, tirano e não cuida de suas funções primordiais. Não é qualquer falha pequena o suficiente para provocar a retomada da punição dos crimes e desencanto com o estado. Se chegamos a esta situação, é porque muito se disse e fez contra as obrigações primárias do governo, a ponto de já haver pouquíssima gente que ainda espere o cumprimento delas pelos governantes.


A alma encantadora das ruas

Terminei o livro. Nada tenho a adicionar em relação a última postagem


Ensaio sobre a liberdade - Stuart Mill

Completei o ensaio. É muito interessante, principalmente a parte sobre estado e educação, que parece ser ignorada solenemente no Brasil. O centralismo e controle direto do estado dos conteúdos leva a um depotismo sobre o espírito, o que é a descrição exata do que acontece hoje em dia. Não é por outro motivo que qualquer grupo de pressão que busque mudar a mentalidade da população se apresse em correr ao MEC em busca da implantação no currículo de conteúdos que exaltem os valores defendidos pelo grupo em questão.

Além da educação, a liberdade de expressão é defendida de modo vigoroso, bem como a diminuição da participação estatal na economia. Interessante ler as notas de rodapés, que frequentemente distorcem o texto de Mill tentando compatibilizá-lo com o estatismo exacerbado e igualitarismo mediante o expediente de dizer que "os tempos são outros", sem, no entanto, demonstrar em que Mill se equivocou ao advogar afastamento do estado.

A obra surpreendeu positivamente. É impressionante a capacidade dos bons autores de imaginarem problemas que ocorrerão no futuro. A descrição do despotismo sobre o espírito é praticamente uma profecia para o que ocorre hoje no Brasil. Todavia, é possível que já ocorresse algo na época de Mill, embora não nas proporções do que existe hoje. Nesse caso, é triste saber que apenas andamos para trás em matéria de liberdade.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A alma encantadora das ruas

Fiquei impressionado com a atualidade do livro. Muitas dassituações lá abordadas continuam extremamente atuais, como é o caso da criminalidade. Na verdade, sinto até uma ponta de inveja e me pergunto intimamente “se o autor se impressiona, imagine se vivesse hoje em dia”.
As cadeias continuam superlotadas, os criminosos continuam sendo jogados para aprender com os mais experientes na “arte” do crime.  Não há problema que até agora tenha sido apontado que não tenha piorado muito. Infelizmente, apenas o charme da “belle époque” se alterou.
Também me impressiona o rico retrato que se faz da sociedade carioca na época. Este livro tem grande valor histórico, pois capta a alma carioca do tempo em que foi escrito.

Ensaio sobre a liberdade

Salta aos olhos a grande modificação entre o livro de Stuart Mill e os de Locke e Bentham. Há toda uma nova atmosfera que só pode ser atribuída ao efeito da passagem dos século. Mill tem um tom muito crítico a fé católica, e por várias vezes  toca na ideologia da exploração de certos grupos por outros, o que está amplamente em voga hoje em dia. No entanto, ao contrário da prática atual, afeita a regras específicas que buscam efeitos diretos sobre determinados indivíduos, Mill busca socorro em normas gerais e abstratas e na proteção do indivíduo. Nisso é mais feliz do que a doutrina atual, que esmaga a individualidade das pessoas em prol de uma compartimentalização em grupos fechados, que vivem em guerra um com o outro.
Dessa base surgiu uma defesa ferrenha da liberdade de opinião, que não pode ser restringida. É interessante notar que este princípio não serve apenas a seu tempo, mas chega até os dias atuais, tão carentes dessa liberdade.
Não me agrada de todo esta mudança que passou a sociedade, fazendo com que muito foco seja dado ao conflito entre grupos e a criação de estereótipos  contra determinadas instituições. No entanto, esta tendência não chegava aos extremos de agora, o que ainda permite o espaço para a boa doutrina.


Ação Humana

A parte sobre os efeitos assimétricos do processo inflacionário é o destaque. Estamos acostumados a ver números jogados sem nenhum critério, mas não percebemos que a inflação gera uma distribuição das riquezas da sociedade, gerando ganho para alguns grupos e perda para outros, os últimos que reagirão ao efeito da elevação dos preços. Este é o principal motivo de ser um processo tão injusto.



OBS: Deixei a análise de Segundo Tratado sobre o Governo Civil para mais tarde.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Começando

Comecei este blog com um objetivo muito específico: ser um complemento aos livros que leio, melhorando minha própria absorção do conteúdo deles. São meras notas sobre os trechos que li em um determinado tempo. Não é minha intenção principal falar de obras acabadas, embora o possa fazer esporadicamente.


Também espero que sirva de motivação para que possa ler mais e postar maior conteúdo aqui. É muito fácil parar de ler pela metade. O compromisso de vir aqui pode me ajudar a não cometer este erro.


Nesse ponto, devo confessar meus objetivos profundamente egoísticos. Espero apenas melhorar meus conhecimentos. Não é fácil encontrar pessoas com quem discutir sobre certos livros, em especial os clássicos ou as obras de estudo sobre vários campos do conhecimento. Pior ainda seria encontrar alguém que se dispusesse a ler os mesmos livros que eu, ao mesmo tempo e na mesma ordem. Na falta desse estímulo, espero que o blog sirva ao menos como um substituto capenga para isso.


Começo por elencar alguns livros que estou lendo agora e por alguns que acabei de ler. Estou eliminando alguns pequenos textos que comentam sobre obras maiores porque tenho muito acumulado no momento.


São as obras:


Segundo Tratado Sobre o Governo (John Locke) - Lido

Direito, Legislação e Liberdade  - vol II (Friedrich A. Hayek) - Lido

Ação Humana  (Ludwig von Mises) - 52% lido

A alma encantadora das ruas (João do Rio) - 60% lido

Ensaio sobre a Liberdade (John Stuart Mill) - Cerca de 5% lido


No fim de semana, pretendo começar pelo "Segundo Tratado Sobre o Governo", que já terminei, mas me agradou muito. Também vou colocar algumas notas sobre os livros que estou lendo no momento.

Até a próxima!